(A parte 1 aqui.)

Me marcou a descrição que o psicólogo Steven Pinker fez do linguista Noam Chomsky: “Ele é um teórico daqueles de usar papel e caneta, e não sabe a diferença entre Jabba the Hutt e o Monstro dos Cookies da Vila Sésamo.” Achei impressionante que o oitavo autor mais citado de todos os tempos (segundo certas fontes) precisasse de tão poucas ferramentas, ainda mais trabalhando numa época com recursos tão mais avançados.

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Durante meu último ano de faculdade, estagiei numa firma de Tecnologia de Informação onde muitos de meus colegas tinham estudado Ciência da Computação, alguns deles em excelentes universidades, Federais e tudo. Na minha convivência com eles, descobri, espantado, que mais da metade dos que seguem essa carreira na faculdade não gostam de programar. Pensava eu (na verdade ainda penso): que tipo de trabalho esses cientistas da computação pensam em fazer com o diploma na mão?

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Também durante esse meu estágio, descobri que Engenharia de Software também tem muito pouco a ver — quase nada, na verdade — com programação. Pelo que me explicaram, um engenheiro de software digno do nome se dedica a desenhar bolinhas e flechinhas ligando essas bolinhas (as bolinhas são os módulos do sistema digital que se deseja implementar, e as flechinhas, as entradas e saídas de cada módulo). Daí cabe aos programadores implementar os módulos projetados pelo engenheiro.

Ah, quanto dessa engenharia era de fato praticada na firma onde eu estagiava é outro assunto.

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Como alguém já disse: com toda a sua formação, todo o seu talento, toda a sua personalidade, o regente de uma orquestra não toca uma única nota. Na verdade, como algumas espécimes dessa categoria demonstram, nem de instrumento (a batuta, no caso) precisa.

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Nesta conversa com o também músico Ben Harper, o Ringo Starr respondeu a queixas que surgem cada vez que ele monta uma banda para uma turnê mundial — “Mas você ainda está tocando?” O baterista responde que, enfim, tocar é simplesmente o que ele faz, e cita a lenda do blues B.B. King: “Enquanto eu conseguir ficar de pé, eu tenho um emprego!” O Ringo conclui: “Enquanto eu conseguir segurar dois pedaços de madeira, eu vou tocar.”

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