O Keith Olbermann, comentarista americano de política e esportes, falou uma vez numa entrevista a respeito da possibilidade de o futebol (ou soccer, como eles falam por lá) se tornar um esporte de fato popular, como o beisebol ou o futebol americano. A opinião dele: “Ouvi alguém dizer que o soccer é o esporte do futuro nos EUA, e sempre será. Eu concordo.”

Graças a algum mecanismo mental, juntei essa frase do Olbermann com aquele famoso slogan Brasil, o país do futuro — criado, curiosamente, por um europeu — e me saí com um diagnóstico sobre a nossa terra: O Brasil é o país do futuro, e sempre será. O que me pareceu uma sacada bastante original, até descobrir que o Millôr Fernandes se antecipou a mim, e de forma ainda mais concisa…

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Tem um amigo meu que também se dedica à escrita — ele, mais corajoso que eu, se aventura em romances — com quem eu gosto de conversar sobre literatura; justamente estávamos falando sobre nossos textos, sobre o quão originais conseguíamos ser, e falei algo do tipo, “Se for pra estender essa ideia de originalidade, bom, a gente não usa nenhuma palavra inventada, certo? Hahahaha…” Só um bom tempo depois fui me dar conta que o que tinha me parecido uma tirada bem inovadora era essencialmente o trecho de uma música de uma banda da qual eu nem sou tão fã assim…

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Criei uma métrica pra estabelecer a importância relativa dos integrantes dos Beatles: o impacto no destino da banda quando cada um deles decidiu ir embora.

Quando o John anunciou pros outros três a saída dele, se fez uma pressão pra que ele ficasse quieto, e assim não atrapalhar renegociações de contrato que estavam em curso (por trás dessa pressão estava a certeza de que, se ele abrisse a boca, ficaria claro pro resto do mundo que os Beatles tinham acabado). Alguns meses depois, o Paul teve a mesma ideia e não ficou quieto, e aconteceu exatamente o que achavam que fosse acontecer se o John tivesse aberto a boca. Agora, quando o Ringo largou o grupo durante a gravação do Álbum Branco, suplicaram pela volta dele, mas os trabalhos prosseguiram; quando o George decidiu sair um tempo depois, o John nem demonstrou muita preocupação: “A gente traz o Eric Clapton, ele é tão bom quanto.”

Daí, procurando material no blog do Rafael Galvão pra outro texto que eu estava escrevendo, achei um artigo dele que propunha mais ou menos o que eu acabei de expor — ele só não discutiu o Ringo. Então pensei: será que o Rafael inspirou a minha regra, ainda que inconscientemente? A verdade é que, embora eu goste de muita coisa que ele tenha escrito, inclusive sobre os Beatles, não me lembro de ter lido esse artigo em particular. Enfim, se existiu inspiração de fato, não é algo que me incomode; de novo, o material do Rafael é muito bom.

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Visitando o blog do Rafael, percebi outra coisa: visualmente, o site dele e o do meu também são bastante parecidos. Mais uma vez, não vejo inspiração deliberada — nem o fim do mundo se fosse o caso.

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Tá, sexo é bom e tal, mas já aconteceu de você fazer uma observação durante um jogo e o comentarista dizer a mesma coisa logo depois?

Embora não de forma tão exagerada, eu me identifico com o que esse indivíduo disse no Twitter. E algo assim deve ter acontecido comigo, embora não me venha à memória nenhuma situação específica. Eu me lembro, sim, é de ver no YouTube os melhores momentos da final da Copa de 1990 entre as seleções da Alemanha e da Argentina — um jogo decidido num pênalti contestado até hoje pelos sul-americanos.

Enfim, assistindo ao vídeo, formei a opinião de que a marcação do pênalti pode ter tido outra motivação além de má-fé: um pouco antes daquele lance, houve uma falta dentro da grande área argentina que o juiz não deu, e este talvez quisesse compensar a decisão errada.

Pois qual não foi minha surpresa, e minha satisfação, ao rever os lances daquela final na transmissão da TV Globo, que o comentarista brasileiro — ninguém menos que o Rei Pelé! — disse exatamente o que eu pensei ao ver o suposto pênalti? Esse foi um momento em que saber que minha ideia não era original não me incomodou nem um pouco. Pelo contrário.

  

2 comentários

  1. Rafael disse:

    Não acho que tenha influenciado, não. Acho que a prevalência de John e Paul sobre os outros sempre foi muito clara internamente, e era óbvia pra todos nós. George sempre foi o terceiro. Mas acho que no caso da saída de Ringo, como foi a primeira, de um sujeito que influenciava pouco na discussão interna, e os conflitos internos ainda não eram tão intensos como seriam seis meses depois, eles acharam que era algo temporário — e, aí sim: se não fosse chamavam o Jimmy Nicol ou o Ginger Baker pro lugar dele. 😉
    Quanto ao layout, acho que há poucas opções limpas hoje em dia pra blogs. Não tem muita opção.

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    1. barquinho disse:

      Também acho que, pra quem é fã, não tem muita dúvida sobre a hierarquia John e Paul vs. George e Ringo. Por outro lado, tenho a impressão de que, pra um certo grupo de admiradores (imagino que sejam mais comuns nos EUA), todos os Beatles têm a mesma importância, simplesmente por terem sido da banda. Acho que foi no Quora que eu vi alguém perguntando sobre como teriam sido os Traveling Wilburys se o Paul McCartney fosse um dos membros — e a resposta foi algo na linha, “mas a banda já não tinha o George? pra que outro beatle?” (Eu não faria tão pouco caso de uma suposta banda com Paul E Dylan, mas enfim…)

      Sobre o layout, concordo. São poucas mesmo as opções simples no WordPress.

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